
Eu o beijei lentamente, como se eu fosse embora sabe? Como se eu nunca mais voltasse. Eu e meus dramas vocês sabem... Então, quando terminei meu longo beijo dramático e fui me retirando do colo dele ele me puxou novamente e me encarou- eu quero mais, calma ai!- eu sorri- quer mais?- perguntei já me aproximando o beijando mais- está ficando tarde e amanhã acordamos cedo- tentei de um jeito amigável dizer que estava na hora de irmos, amanhã era segunda- feira! Mas mesmo assim ele não me soltou, parecia que queria dizer algo, alguma coisa que estava o incomodando e agora estava me incomodando também. O beijei novamente, dramaticamente, e mais, dramaticamente- Quero conversar com você- ele disse, sussurrando em meu ouvido enquanto eu o abraçava para sentir o seu cheiro doce e envolvente- Sobre?- tentei não demostrar medo, mas já estava preocupada “conversar? Sobre o que? Aimeusdeus”- bem...- ele me afastou e encarou- que tal a gente noivar?- eu sorri, automaticamente as borboletas no meu estômago acordaram- Noivar?- eu repeti, na verdade eu não sabia o que dizer- Claro, amor, estamos namorando há cinco anos, você já está com 27 e eu 29, somos independentes, você tem seu apartamento, mesmo morando com os seus pais- ele deu risada e continuo- eu tenho carro, tenho minhas economias, ainda moro com os meus pais- ele deu risada novamente- está na hora de a gente sair de baixo da sai das nossas mães não acha?- eu concordei com a cabeça ao mesmo tempo querendo rir da nossa “independência”. –Amor- comecei a dizer- meu apartamento está alugado e eu não quero viver de aluguel, é um dinheiro que não tem voltar e ainda mais... - Ele me interrompeu- Não, calma! Não precisamos casar agora, podemos noivar pedir o apartamento e daqui um ano mais ou menos quando os inquilinos saírem e o contrato vencer, nos casamos e vamos morar lá- ele piscou para mim como se a ideia mais genial do mundo. Eu sorri “seu lindo”- bem, é... Vamos pensar? Não vamos decidir assim do nada... - ele murchou- Você não quer?- eu fiz que não com a cabeça- não é que eu não quero, mas é que é um passo muito importante. Ele concordou e não falamos mais no assunto. Naquela noite fui embora procurando um brilho em seus olhos, um brilho que sempre esteve lá, mas não estava nessa noite. Ao contrário da maioria dos casais o sonho de casar era mais dele do que meu, eu não botava Fé nessas coisas de véu e grinalda, casamentos, padre, igreja e bem casados pelo contrário achava tudo uma perca de tempo, mas ele não, depois de se tornar jornalista o maior sonho dele era casar. Tudo bem isso é lindo para um homem, mas... E eu? Ele teve uma infância perfeita, os pais com mais de 30 anos de casados, o pai dele é fiel, a mãe também, sabe aquela família margarina? Eu mal acreditava em namoros quando o conheci e ele me ensinou a ter um relacionamento sério e duradouro do mesmo modo que eu o ensinei que tudo nessa vida é relativo, que existem diferenças e que nem todo mundo teve uma vida perfeita igual ele e que tinha que ele aprender a respeitar essas pessoas, as dificuldades dos outros e não simplesmente julgar. Ele me ensinou. E eu ensinei a ele. E agora ele queria me ensinar a casar, ser esposa, talvez mãe, começando por um noivado em mais ou menos um ano. E agora?
Quando cheguei à minha casa dentei na cama com a minha mãe e contei da minha conversa com ele, sobre o noivado e o quanto eu aprendi, o quanto aprendemos. Ela apenas disse para eu escutar meu coração e que tudo tem o seu tempo, disse também que não era para eu ter medo a vida dela e do meu pai era só deles, cada um tem a sua história de amor que deu certo e outra que talvez possa dar certo basta acreditar. Eu fiquei pensando nisso. A minha história estava dando certo, por que não poderia continuar? Por quê? E eu não soube responder...
No outro dia liguei para ele disse que “sim”, que tinha pensado direito e que era hora de a gente noivar. Foi ai que aconteceu uma coisa que me marcou- Amor?- eu chamei ...?- ele respirou fundo no outro lado da linha- emocionado só isso. Na verdade, ele estava chorando. Eu ri, sei que não era para rir, mas quando fico nervosa, ansiosa ou qualquer coisa do gênero solto sempre aquela risadinha de: não sei o que dizer. Então, quando ele parou de se “emocionar” marcamos uma jantar em um lugar que sempre vamos para comemorar “nossas coisas importantes” e naquela noite quando cheguei ao nosso restaurante que tantas vezes nos acolheu e que até o dono já nos conhecia, o meu amor me abraçou forte e beijou longamente, aquele beijo sabe? Dramático? Ele e seus dramas, vocês sabem... E ai quando me sentei ele me deu uma caixinha, sim é isso mesmo que você está pensando... Eu sorri e o encarei, perguntei com os olhos se era mesmo o nosso anel de noivado e ele disse – Sim minha noiva- e eu fiquei nervosa, ansiosa ou qualquer coisa do gênero e dei aquela risadinha de: eu não sei o que dizer. Então, ele abriu a caixinha e colocou a aliança no meu dedo e naquele momento eu estava noiva do meu Amor.
Imagem: 500 of sumer( meu filme favorito) ♥