terça-feira, 24 de julho de 2012

Um homem velho

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Fiquei sem paciência comigo mesma, acabei com tudo que um dia construímos, mas penso eu que se consegui acabar foi porque não conseguimos construir algo sólido e duradouro. Vou assim sem adeus e sem tristes despedidas, vou assim com uma mala, um par de óculos, alguns livros e um violão. Vou assim, mas só do que quando cheguei. Sempre achei mesmo que sempre estive sozinha, sem ombros para apoiar e chorar, sem abraços para se lançar e me aconchegar, sem... Vou assim. Até mais, até logo. Tchau.

domingo, 22 de julho de 2012

Não prolongar

 

 

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Destrancou a porta e adentrou o cômodo, ao fechar a porta permaneceu encostada na velha porta branca (poderia ser facilmente ser confundida com um tom de bege). Sua cabeça pendeu para trás até encontrar a porta, fechou os olhos lentamente tentando não espantar as lágrimas, sentia que os pés estavam dormentes e quando conseguiu se afastar da porta parecia não sentir onde pisava.

Segundos depois, quando já estava debaixo das cobertas na enorme cama de casal, ela chorou, chorou e chorou; e o travesseiro dele abafou seus gritos de desilusão e dor mais as lágrimas que não paravam de chegar. Quando se sentiu um pouco mais calma virou-se de barriga para cima e encarou o teto branco iluminado pelo seu abajur de aquário e por algum momento pensou que sentiria falta daquele aquário se um dia o jogasse fora, afinal, o objeto não tinha culpa de portar tantas lembranças. E voltou a chorar, não com tanto desespero como antes, dessa vez as lágrimas eram necessárias como respirar e não como uma comida mal digerida. Mesmo não se sentindo confiável para sair da cama ela levantou e permaneceu por um tempo com os pés sobre o chão gelado, no fundo queria saber se ainda era capaz de sentir e percebeu que seus pés não sabiam mais o que era frio ou quente, talvez, tivesse perdido o chão. Decidiu tomar um banho e quando se levantou quase caiu, estava tremendo, mas com muita determinação conseguiu chegar até o banheiro, recusou-se a encarar o espelho, era muita humilhação. De baixo da água quente ela chorou, chorou e chorou; e o banheiro abafou seus gritos de desespero e angustia. Gritou e chorou sem medo, sem orgulho, sem plateia, nada importava agora era o seu momento, o momento de ser menos o que outros esperam e mais do que realmente é. E foi naquele banheiro que jogou tudo para os ares ao gritar até a sua garganta arder, ao chorar e ver que estava com o rosto coberto de maquiagem. Ela não sentiu medo, não sentiu nada, apenas alivio, alivio de poder ser ela mesma nesse momento tão difícil.

Quando abriu a porta do banheiro deu um grande sorriso e decidiu que tudo que passara, tudo que gritara e chorara tinha limpado todas as mágoas, todas as feridas, estava purificada. A partir daquela porta as lágrimas eram parte do passado e sua dor havia ido pelo ralo, não ia mais sofrer, não por isso, não por ele. Passou, passou. E ela conseguiu sorrir com o coração...

sábado, 21 de julho de 2012

Eu acho que não

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Outro dia em sonho eu passei pra te dizer que as coisas por aqui não estão indo bem, talvez você, não queira saber, mas talvez você, esteja curioso para saber como eu sobrevivi à tempestade com o seu nome. Como eu disse os dias não têm sido convidativos para se viver, como disse a vida não esta sendo fácil, como eu queria te dizer que as coisas estão indo bem, mas você conhece e sabe que eu não sei mentir bem, sabe que só sei dizer verdade e meias verdades fantasiadas com o seu doce e amargo nome, tão confuso de soletrar assim como o sentimento que carrego. Gostaria que nós fôssemos algo mais que um amor de inverno, isso é o que eu queria te dizer, mas não da pra dizer sendo que você não quer escutar, pois, enquanto eu quero fazer cinema você chega querendo fazer um pornô rápido, enquanto eu quero uma música que não sai da cabeça ( nosso rit) você quer apenas seguir a batida de qualquer coisa que seja. Ai eu penso comigo que são muitas diferenças, mas eu ainda sim, sim mesmo (de verdade), ainda quero ter você por perto. Definitivamente não da pra entender, então em vez de me livrar de todo esse sentimento e comprar um livro de autoajuda resolvi parar de tentar entender, afinal será que tudo nessa vida precisa de uma tampa com um rótulo?

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A crise


Com as duas mãos, tirava todas as roupas do guarda roupa e em uma mala em cima da branca cama de casal ela desperdiçava as roupas, às vezes pensava em deixar uma peça ou outra, mas mudava de ideia “ e se eu precisar?...”- perguntava-se. Respirava fundo e começou a dobrar as roupas ao lado da mala azul céu, uma por uma ia sendo dobrada roupas velhas e novas, usadas e as estragadas pelo tempo eram dobradas pacientemente enquanto uma lembrança ou outra era facilmente recordada com o dobrar de uma blusa ou uma saia rosa “aquela saia rosa...”-recordava-se de uma lembrança.

Atrapalho?” Eduardo perguntou do pé da porta. “não” ela lhe sorri e volta a dobrar as roupas de lembranças “aquela blusa preta...( risos em seus pensamentos)”. Ele entra no quarto e senta do lado da mala azul céu e repara o seu conteúdo “Parece que vai levar tudo” ele tocou em algumas peças e ela se perguntou se ele lembrava daquela saia rosa ou de qualquer outra lembrança ao tocar as roupas dela- “Você tem muitas roupas”- disse como se não tivesse mais nada de importante a dizer e então ela concluiu que ele não lembrara de nada, nadinha. Sentiu uma leva tristeza.

Minutos depois de um longo silêncio ela finalmente terminou de arrumar a mala e horas depois, na cozinha, eles tomavam um café “... e depois eu vou para o México” ela conclui com um gole do café. “vai ser uma viajem e tanto” Edu disse e suspirou “espero que você goste e que- ele encarou a xícara- conheça novas pessoas” concluiu. Ela tomou mais um pouco do café “Eu também”- terminou o café e ele ainda não passara do segundo gole “Está tão ruim assim?” ela perguntou sorrindo “Não- ele disse secamente- é estranho tudo isso- mudou de assunto- nós dois a pouco menos de um mês estávamos por esse apartamento nos amando...”. “Não me venha com esse papo de nos ‘amando -ela começou bravamente- “você que terminou comigo, você que...” resolveu parar prometeu para si  que não iria mais tocar nessa ferida, não ia mais voltar a este assunto, não ia mais... “Eu sei” ele concordou “Eu ainda amo você” ele disse “gostaria que soubesse que apenas não estava dando mais para ficarmos juntos, que sabe...” Ela levantou e colocou as xícaras na pia “espero que você tenha terminado-  e antes de ele pensar em responder seu café já estava na pia escorrendo pelo ralo- espero que nós também Edu”. “Cris...- Eduardo tentou começar”. “Edu! Chega! Você terminou comigo, disse que queria experimentar novas coisas, novas pessoas, novas...- respirou fundo, estava outra vez quebrando a promessa que fizera- Apenas chega, não precisamos mais falar disso e eu não quero mais falar disso, eu não quero mais entendeu?- estava chorando, não conseguia mais segurar as lágrimas que vinham sem freio, sem pedir permissão. Ele levantou da mesa e foi até a pia e a envolveu em um abraço “Cris o que tivemos foi lindo. O que temos ainda é lindo- se afastou o suficiente para enxergar seus olhos através das lágrimas – “apenas não da mais, as vezes temos que deixar o que amamos livre para a vida. Cris eu não sei quem sou sem você, não sei que é Eduardo Martineli sem a Cristiane Hugo, eu não sei”- as mãos dele acariciavam os braços dela- “eu te amo e nunca vou amar outra mulher como amei você, mas, aos 31 anos me vejo em crise”. Cris fez que sim com a cabeça “quando amamos alguém queremos estar com a pessoa” ela disse segurando o choro “mas meu problema é que eu te entendo às vezes... –  tentou segurar as lágrimas -às vezes quando paro para pensar em tudo que você disse e em tudo que vivemos, sabe que te conheço muito bem, eu entendo que as vezes precisamos ser livres, passar um tempo com nós mesmos, ver quem somos sem alguém nos aquecendo. O meu defeito é que eu te entendo” ela terminou de dizer e o abraçou forte e logo em seguida sussurrou- “ só que eu não posso fazer parte disso, pois eu não isso. Vou te libertar pois como você disse, quando amamos deixamos a pessoa livre para viver a vida, mas eu não sou assim, não quero ser livre quero ficar com você, mas se você não quer mais não temos para que prolongar essas dor” eles se soltaram e quem estava com lágrimas teimosas e impacientes  era ele e quando Cris chegou a porta ela virou e declarou “...Por favor meu amor, não volte mais, Pois eu vou tentar te deixar viver e rir do que a vida me fez fazer, aqui e agora te liberto com essa condição, com essa cláusula pétrea: vá viver e não volte mais para os meus braços”. E da cozinha Eduardo escutou os passos dela indo até o quarto e depois voltando com a mala azul céu de rodas e segundos depois escutou uma chave sendo abandonada na mesa e uma porta sendo aberta e depois eternamente fechada por Cris. Agora era fato ele era livre e a perdera para sempre.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Não precisa ser igual para todo mundo: sobre como temos que acreditar.

 

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Eu o beijei lentamente, como se eu fosse embora sabe? Como se eu nunca mais voltasse. Eu e meus dramas vocês sabem... Então, quando terminei meu longo beijo dramático e fui me retirando do colo dele ele me puxou novamente e me encarou- eu quero mais, calma ai!- eu sorri- quer mais?- perguntei já me aproximando o beijando mais- está ficando tarde e amanhã acordamos cedo- tentei de um jeito amigável dizer que estava na hora de irmos, amanhã era segunda- feira! Mas mesmo assim ele não me soltou, parecia que queria dizer algo, alguma coisa que estava o incomodando e agora estava me incomodando também. O beijei novamente, dramaticamente, e mais, dramaticamente- Quero conversar com você- ele disse, sussurrando em meu ouvido enquanto eu o abraçava para sentir o seu cheiro doce e envolvente- Sobre?- tentei não demostrar medo, mas já estava preocupada “conversar? Sobre o que? Aimeusdeus”- bem...- ele me afastou e encarou- que tal a gente noivar?- eu sorri, automaticamente as borboletas no meu estômago acordaram- Noivar?- eu repeti, na verdade eu não sabia o que dizer- Claro, amor, estamos namorando há cinco anos, você já está com 27 e eu 29, somos independentes, você tem seu apartamento, mesmo morando com os seus pais- ele deu risada e continuo- eu tenho carro, tenho minhas economias, ainda moro com os meus pais- ele deu risada novamente- está na hora de a gente sair de baixo da sai das nossas mães não acha?- eu concordei com a cabeça ao mesmo tempo querendo rir da nossa “independência”. –Amor- comecei a dizer- meu apartamento está alugado e eu não quero viver de aluguel, é um dinheiro que não tem voltar e ainda mais... - Ele me interrompeu- Não, calma! Não precisamos casar agora, podemos noivar pedir o apartamento e daqui um ano mais ou menos quando os inquilinos saírem e o contrato vencer, nos casamos e vamos morar lá- ele piscou para mim como se a ideia mais genial do mundo. Eu sorri “seu lindo”- bem, é... Vamos pensar? Não vamos decidir assim do nada... - ele murchou- Você não quer?- eu fiz que não com a cabeça- não é que eu não quero, mas é que é um passo muito importante. Ele concordou e não falamos mais no assunto. Naquela noite fui embora procurando um brilho em seus olhos, um brilho que sempre esteve lá, mas não estava nessa noite. Ao contrário da maioria dos casais o sonho de casar era mais dele do que meu, eu não botava Fé nessas coisas de véu e grinalda, casamentos, padre, igreja e bem casados pelo contrário achava tudo uma perca de tempo, mas ele não, depois de se tornar jornalista o maior sonho dele era casar. Tudo bem isso é lindo para um homem, mas... E eu? Ele teve uma infância perfeita, os pais com mais de 30 anos de casados, o pai dele é fiel, a mãe também, sabe aquela família margarina? Eu mal acreditava em namoros quando o conheci e ele me ensinou a ter um relacionamento sério e duradouro do mesmo modo que eu o ensinei que tudo nessa vida é relativo, que existem diferenças e que nem todo mundo teve uma vida perfeita igual ele e que tinha que ele aprender a respeitar essas pessoas, as dificuldades dos outros e não simplesmente julgar. Ele me ensinou. E eu ensinei a ele. E agora ele queria me ensinar a casar, ser esposa, talvez mãe, começando por um noivado em mais ou menos um ano. E agora?

Quando cheguei à minha casa dentei na cama com a minha mãe e contei da minha conversa com ele, sobre o noivado e o quanto eu aprendi, o quanto aprendemos. Ela apenas disse para eu escutar meu coração e que tudo tem o seu tempo, disse também que não era para eu ter medo a vida dela e do meu pai era só deles, cada um tem a sua história de amor que deu certo e outra que talvez possa dar certo basta acreditar. Eu fiquei pensando nisso. A minha história estava dando certo, por que não poderia continuar? Por quê? E eu não soube responder...

No outro dia liguei para ele disse que “sim”, que tinha pensado direito e que era hora de a gente noivar. Foi ai que aconteceu uma coisa que me marcou- Amor?- eu chamei ...?- ele respirou fundo no outro lado da linha- emocionado só isso. Na verdade, ele estava chorando. Eu ri, sei que não era para rir, mas quando fico nervosa, ansiosa ou qualquer coisa do gênero solto sempre aquela risadinha de: não sei o que dizer. Então, quando ele parou de se “emocionar” marcamos uma jantar em um lugar que sempre vamos para comemorar “nossas coisas importantes” e naquela noite quando cheguei ao nosso restaurante que tantas vezes nos acolheu e que até o dono já nos conhecia, o meu amor me abraçou forte e beijou longamente, aquele beijo sabe? Dramático? Ele e seus dramas, vocês sabem... E ai quando me sentei ele me deu uma caixinha, sim é isso mesmo que você está pensando... Eu sorri e o encarei, perguntei com os olhos se era mesmo o nosso anel de noivado e ele disse – Sim minha noiva- e eu fiquei nervosa, ansiosa ou qualquer coisa do gênero e dei aquela risadinha de: eu não sei o que dizer. Então, ele abriu a caixinha e colocou a aliança no meu dedo e naquele momento eu estava noiva do meu Amor.

Imagem: 500 of sumer( meu filme favorito) ♥

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Logo mais, bem depois, sombra a dois.

Depois do Furacão você, estou me escondendo atrás dos livros, atrás das notas musicais, atrás dos dias, atrás da comida, atrás das pessoas. Tudo para fugir de você, mas parece que estou mais próxima, praticamente, indo atrás de você.127026843_large

terça-feira, 3 de julho de 2012

Quase sem querer...

Ainda lembro-me dos seus braços fortes ao me abraçar. Às vezes me pego sorrindo sozinha. Noutras me pego escutando as músicas que não gostava de escutar, pois quem gostava era você, não eu, pois é agora eu as escuto. Também me recordo do seu jeito de falar, do seu jeito de me tocar, do seu jeito... Lembro-me de tantas coisas. Ver você almoçar, ver você sorrir. Tudo de um jeito simples me faz lembrar de você e sempre recordo sem querer e quando vejo já estou pensando em você.

 

Já não me preocupo se eu não sei por que.
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.

Legião Urbana- Quase sem querer

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