domingo, 8 de abril de 2012

Conseguira o impossível, ser sua própria criptonita

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O Tédio tinha uma maneira estranha de lhe visitar, ao tocar seus lábios fazia um convite ao desespero, como era doce, o gosto de autodestruição.

Tinha, às vezes, uma vontade ( bem distante, é verdade) de levantar da cama e seguir em frente, ser diferente, fingir ter mais Fé do que realmente aparenta, ser maior do que o seu imaginário construia, ser mais... Ser mais do que planejava (estava tão cansada, mas tão dolorosamente, cansada de planejar e planejar). Mas não conseguia pegar aquela vontade, traze-la para perto de si, era mais uma amizade que não conseguira manter, era mais um relacionamento que nascera e morrera. E a vontade continuava longe.

O asfalto da rua já estava quente, as pessoas já estavam almoçando e a maça, que sua mãe deixara na mesa, já estava passada, o dia estava agitado lá fora estava próxima a chegada do entardecer. E o tédio tinha uma maneira estranha de lhe visitar.

Sentia que estava dando um jeito de nada dar certo em sua própria vida, conseguira o impossível, ser sua própria criptonita. Às vezes, quando conseguia abrir os olhos avistava o céu o azul e quente, conseguia escutar os pássaros nas árvores, alguém que passeava de moto ou alguma criança chorando, sem querer ir para escola. “Saudade dessas pequenas preocupações”. Porque somos assim? Por que às vezes nos boicotamos? Porque estragamos certos privilégios que só dependem de nós?

Seu corpo doía, seu estomago, sua cabeça, seus olhos. Menos o coração.

Talvez, depois de tanto tempo lutando contra os pensamentos, aos encontros casuais, as borboletas no estômago e os desejos do seu corpo, era hora de aprender a se acostumar a não lutar mais, de não ter mais pelo que lutar e aceitar a nova vida ‘ ter um coração com mais espaço, depois que o amor dele se foi’.

Acabaram as lutas, os bons pensamentos, todas as borboletas foram para outro jardim (para alguém que as trate melhor). Era hora de comemorar a guerra, afinal, ela havia vencido. Mas por que não sentia o gosto amável da glória? Por que não estava feliz? E ao tocar seus lábios, com a ponta da língua, ela sentiu o gosto doce, como era doce o gosto da autodestruição e naquele momento, desejou, ter morrido de amor.

3 comentários:

  1. simplesmente incrivel!

    Acho que passei longos anos da minha vida me boicotando, sendo meu proprio inimigo. Sempre achei que era proibido ser feliz. Mesmo quando tudo podia dar certo, eu conseguia uma forma de fazer tudo dar errado.... Não sei bem explicar isso.


    eu gostei demais disso:

    "E ao tocar seus lábios, com a ponta da língua, ela sentiu o gosto doce, como era doce o gosto da autodestruição e naquele momento, desejou, ter morrido de amor."

    beijos!

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  2. Eita que não há coisa pior do que saborear uma perda... E às vezes planejamos tantos que acabamos não fazendo nada que estava nos nossos planos... é triste. :(

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