quinta-feira, 19 de julho de 2012

A crise


Com as duas mãos, tirava todas as roupas do guarda roupa e em uma mala em cima da branca cama de casal ela desperdiçava as roupas, às vezes pensava em deixar uma peça ou outra, mas mudava de ideia “ e se eu precisar?...”- perguntava-se. Respirava fundo e começou a dobrar as roupas ao lado da mala azul céu, uma por uma ia sendo dobrada roupas velhas e novas, usadas e as estragadas pelo tempo eram dobradas pacientemente enquanto uma lembrança ou outra era facilmente recordada com o dobrar de uma blusa ou uma saia rosa “aquela saia rosa...”-recordava-se de uma lembrança.

Atrapalho?” Eduardo perguntou do pé da porta. “não” ela lhe sorri e volta a dobrar as roupas de lembranças “aquela blusa preta...( risos em seus pensamentos)”. Ele entra no quarto e senta do lado da mala azul céu e repara o seu conteúdo “Parece que vai levar tudo” ele tocou em algumas peças e ela se perguntou se ele lembrava daquela saia rosa ou de qualquer outra lembrança ao tocar as roupas dela- “Você tem muitas roupas”- disse como se não tivesse mais nada de importante a dizer e então ela concluiu que ele não lembrara de nada, nadinha. Sentiu uma leva tristeza.

Minutos depois de um longo silêncio ela finalmente terminou de arrumar a mala e horas depois, na cozinha, eles tomavam um café “... e depois eu vou para o México” ela conclui com um gole do café. “vai ser uma viajem e tanto” Edu disse e suspirou “espero que você goste e que- ele encarou a xícara- conheça novas pessoas” concluiu. Ela tomou mais um pouco do café “Eu também”- terminou o café e ele ainda não passara do segundo gole “Está tão ruim assim?” ela perguntou sorrindo “Não- ele disse secamente- é estranho tudo isso- mudou de assunto- nós dois a pouco menos de um mês estávamos por esse apartamento nos amando...”. “Não me venha com esse papo de nos ‘amando -ela começou bravamente- “você que terminou comigo, você que...” resolveu parar prometeu para si  que não iria mais tocar nessa ferida, não ia mais voltar a este assunto, não ia mais... “Eu sei” ele concordou “Eu ainda amo você” ele disse “gostaria que soubesse que apenas não estava dando mais para ficarmos juntos, que sabe...” Ela levantou e colocou as xícaras na pia “espero que você tenha terminado-  e antes de ele pensar em responder seu café já estava na pia escorrendo pelo ralo- espero que nós também Edu”. “Cris...- Eduardo tentou começar”. “Edu! Chega! Você terminou comigo, disse que queria experimentar novas coisas, novas pessoas, novas...- respirou fundo, estava outra vez quebrando a promessa que fizera- Apenas chega, não precisamos mais falar disso e eu não quero mais falar disso, eu não quero mais entendeu?- estava chorando, não conseguia mais segurar as lágrimas que vinham sem freio, sem pedir permissão. Ele levantou da mesa e foi até a pia e a envolveu em um abraço “Cris o que tivemos foi lindo. O que temos ainda é lindo- se afastou o suficiente para enxergar seus olhos através das lágrimas – “apenas não da mais, as vezes temos que deixar o que amamos livre para a vida. Cris eu não sei quem sou sem você, não sei que é Eduardo Martineli sem a Cristiane Hugo, eu não sei”- as mãos dele acariciavam os braços dela- “eu te amo e nunca vou amar outra mulher como amei você, mas, aos 31 anos me vejo em crise”. Cris fez que sim com a cabeça “quando amamos alguém queremos estar com a pessoa” ela disse segurando o choro “mas meu problema é que eu te entendo às vezes... –  tentou segurar as lágrimas -às vezes quando paro para pensar em tudo que você disse e em tudo que vivemos, sabe que te conheço muito bem, eu entendo que as vezes precisamos ser livres, passar um tempo com nós mesmos, ver quem somos sem alguém nos aquecendo. O meu defeito é que eu te entendo” ela terminou de dizer e o abraçou forte e logo em seguida sussurrou- “ só que eu não posso fazer parte disso, pois eu não isso. Vou te libertar pois como você disse, quando amamos deixamos a pessoa livre para viver a vida, mas eu não sou assim, não quero ser livre quero ficar com você, mas se você não quer mais não temos para que prolongar essas dor” eles se soltaram e quem estava com lágrimas teimosas e impacientes  era ele e quando Cris chegou a porta ela virou e declarou “...Por favor meu amor, não volte mais, Pois eu vou tentar te deixar viver e rir do que a vida me fez fazer, aqui e agora te liberto com essa condição, com essa cláusula pétrea: vá viver e não volte mais para os meus braços”. E da cozinha Eduardo escutou os passos dela indo até o quarto e depois voltando com a mala azul céu de rodas e segundos depois escutou uma chave sendo abandonada na mesa e uma porta sendo aberta e depois eternamente fechada por Cris. Agora era fato ele era livre e a perdera para sempre.

Um comentário:

  1. Nossa que coincidencia...Essa semana um amigo meu me prensenteou um video da Lana Del Ray e amei! To curtindo muito a poesia de suas musicas!
    Me faz uma visita? http://mardeletras2010.blogspot.com.br/2012/07/a-dor-do-regresso.html

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