domingo, 13 de maio de 2012

Naqueles momentos de epifania...

 

 

Uma música qualquer de ópera toca na minha antiga vitrola, era da minha avó. Não a conheci, mas ela deveria ter um bom gosto musical, meu avô sempre dizia “apaixonei-me por sua avó pelo seu belo gosto pela música”. Ele dava aulas de piano. Enquanto eu tirava mais um cigarro do bolso da minha jaqueta uma mulher cantava com uma voz fina e profunda, eu estava emocionava, não soube distinguir se era pela voz ou pelo meu estado mental. Tudo estava confuso. Era tarde da noite e eu ainda não pegara no sono e restavam apenas três horas para eu levantar, se estivesse dormindo, e ir trabalhar. Eu não estava com sono. Eu não queria estar com sono. E minha cabeça doía. Doía. Doía. Era uma tragédia. Eu sabia de todas as coisas, sabia com o que estava lutando, sabia que me fazia mal, amar você me faz mal, sabia que sua presença me perturba, que seu olhar me incomoda que seu corpo me intriga me puxa, me domina. Eu sei. Cansei de dizer a mim, cansei de dizer a quem quisesse ouvir “eu sei tudo isso”. Mas eu quero. Eu te quero. E te quero tão bem... Te perdoo por qualquer coisa que você se arrependa, te perdoo mesmo sem você ter noção de que errou, de que me machucou. Eu te perdoo e te amo. Não sei carregar mágoas comigo, não sei não te querer, não sei não querer teu beijo. Já não consigo não ser mais clichê. Eu sou clichê. Sou poeta, meu amor por você é eterno e me condeno, quero me condenar a sofrer por toda eternidade pelo seu amor que não possuo...

 

 

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2 comentários:

  1. Que belo texto, tirando a parte do cigarro... kkkkkkk, enfim, tirando o meu gosto pessoal... Está bem legal essa narração angustiante, essa insônia do personagem e no final essa declaração de sofrimento eterno... Mas fazer o quê se isso é o amor? Até mais Lu, beijo!

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  2. Não concordo com Vinicius quando ele diz que amor só é bom se doer.. Acho que amor bom é amor de compensações, querer bem e perto e se houverem brigas, que elas não sangrem como um machucado aberto.
    Mas apesar dessa angústia dela, achei bonito. Extremamente! ;*

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